LUÍS FILIPE ROCHA: OS PRIMEIROS FILMES

LUÍS FILIPE ROCHA: OS PRIMEIROS FILMES

DE 15 A 18 DE SETEMBRO

 

Dia 15, domingo | 19h00 | CERROMAIOR [1980] | com a presença do realizador + conversa com o público

Dia 16, 2ª feira | 19h30 | BARRONHOS: QUEM TEVE MEDO DO PODER POPULAR? | com apresentação do realizador

Dia 17, 3ª feira | 19h30 | SINAIS DE VIDA [1984] 

Dia 18, 4ª feira | 19h30 | A FUGA [1977] 

 

Como descobri o cinema e o aprendi fazendo-o

Em 1970, perto de cumprir 23 anos de vida, fui convidado pelo José Fonseca e Costa para trabalhar como actor na sua primeira longa-metragem, O Recado. Até então, jamais sonhara fazer cinema, mas a ficção — a arte de contar histórias — sempre me atraiu e fascinou: desde a infância e até hoje, na literatura; a partir da adolescência e até ao cinema, no teatro. A mecânica humana, técnica e artística da criação cinematográfica, que adivinhei no platô da rodagem de O Recado, teve em mim o efeito do que imagino ser uma epifania.

Entre Janeiro de 1971 e Abril de 1974, a guerra colonial portuguesa obrigou-me a algumas viravoltas intercontinentais, aventurosas e enriquecedoras, que culminaram no exílio. Pelo caminho, creio que comecei a ver filmes com outro olhar e, secreta e envergonhadamente, muito de vez em quando, a imaginar fazê-los algum dia. Esse dia chegou com o 25 de Abril, com o meu regresso a Portugal, cansado do teatro, disponível para aproveitar a oportunidade que a liberdade recuperada e o entusiasmo colectivo de erguer um país novo me ofereceram: poder aprender cinema fazendo-o.

Consciente da minha ignorância profissional (técnica e artística), estabeleci prudentes e modestas etapas de aprendizagem e crescimento: comecei por realizar, entre 1974 e meados de 1975, pequenos documentários a preto e branco e com meios muito frugais, sobre a actualidade nacional, para a única televisão então existente (RTP); quando me senti mais confiante, atrevi-me a fazer o meu primeiro filme, “Barronhos – Quem Teve Medo do Poder Popular?’”, um documentário dramatizado sobre um crime de morte num bairro de lata, durante o Verão Quente de 1975; a seguir, em 1977, voltei ao preto e branco, e realizei a primeira longa-metragem de ficção, “A Fuga”, baseada numa fuga real de um preso político do forte de Peniche; em 1979, adaptei o romance “Cerromaior”, de Manuel da Fonseca, um escritor que sempre admirei; e em 1982/84, dediquei o meu quarto filme, “Sinais de Vida”, à vida e obra de um grande escritor, poeta e pensador do século XX português, Jorge de Sena. A seguir, voltei a sair de Portugal e parei de filmar por quase 7 anos, embora continuando a escrever e a tentar concretizar alguns projectos, acabando por realizar um deles… na China.

Vejo os meus quatro primeiros filmes como “exercícios preparatórios” de criação cinematográfica, nos quais fui descobrindo, expressando e afirmando o meu olhar e a minha voz, os meus temas nucleares e recorrentes, o meu estilo, a minha forma de narrar e de comunicar humanamente através do cinema. Todos os filmes que se lhes seguiram brotaram desses quatro filmes “iniciais, inteiros e limpos”, numa evocação sentida das palavras imorredouras de Sophia de Mello Breyner Andresen.

Luís Filipe Rocha
Cinema Trindade – Setembro de 2024

 

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